Capital e Inovaçao
Hoje dia o acesso ao dinheiro faz parte da nossa vida quotidiana. Antes de sair de casa, asseguramo-nos de trazer connosco o cartão multibanco, o cartão de crédito, os cheques. Cada vês lidamos menos com o dinheiro, cada vês estas operações são mais virtuais onde tudo se resume a números num ecrã.
A nossa estrutura financeira é fundamental para desempenhar a maior parte das nossas actividades quotidianas, mas como empresas, esta situação é ainda mais evidente, todas as nossas acções estão relacionadas com o factor económico e de aí o acesso ao capital forma uma parte fundamental do sucesso de uma empresa ou de um projecto empresarial.
Hoje em dia o acesso ao financiamento não é tão simples como alguns anos atrás onde o acesso ao crédito não requeria quase de garantias. Com a crise interbancária, os bancos modificaram as suas formas de medir o risco e é cada vez mais difícil obter financiamento.
Como financiar um projecto onde não podemos dar garantias? A diferença do financiamento tradicional com o “Capital de Risco” é que este assume como garantia a qualidade do projecto empresarial. Para aceder ao capital de risco é necessário elaborar um projecto que demonstre que temos pensado em tudo o que a empresa necessitará no curto, médio e longo prazo para ter sucesso, como vencerá as ameaças associadas e como tirará partido das oportunidades.
No entanto, são muitas poucas as empresas que recorrem a este tipo de financiamento. Para os que estão do outro lado do financiamento o maior desafio é encontrar projectos para financiar. Um dos principais problemas associados ao capital de risco, segundo as instituições portuguesas de capital de risco, é o de encontrar projectos suficientes e com qualidade.
Segundo o Peter Kelly, director executivo da Helsinki School of Creative Entrepreneurship, a solução deste problema passa por mudar a visão de procura, focar-se nas pessoas e não nos projectos. “Nós não procuramos projectos, procuramos empreendedores”.
A importância do capital de risco numa economia é do impulso para o surgimento de novas empresas que permitam fortalecer a economia, sobretudo pelo impulso de empresas que permitam abrir novos sectores mais competitivos, virados para as novas tecnologias e baseadas na exploração de conhecimento.
Para o surgimento deste tipo de projectos é necessário ter ambientes e condições que permitam a evolução adequada das ideias de negócio.
Quando falamos de projectos empresariais com sucesso, um dos principais pontos de referência é a Silicon Valley conhecida por terem surgido inúmeras empresas de sucesso e propiciar um ambiente adequado para a evolução de ideias de negócio.
Este tipo de ambientes tenta ser recriado em outras partes do mundo, mas sem atingir o mesmo sucesso. Em Portugal têm surgido inúmeras instituições que pretendem criar ambientes similares que permitam a evolução adequada das ideias de negócio.
No entanto, faltam as condições adequadas, a diferença radical consiste em que Silicon Valley é uma espécie de laboratório onde as empresas evoluem em processo de “tentativa-erro” onde todos os dias nascem e morrem uma infinidade de projectos e onde as pessoas aprendem com tudo, mesmo que os projectos morram, têm oportunidade em começar um novo mas desta vez com maior experiência.
Para o surgimento de um projecto da dimensão do Google com um valor de marca de 66.400 milhões de dólares que supera a da Microsoft e da General Electric, é preciso que os promotores do projecto tenham falido em 3 a 4 projectos anteriores o qual permite melhorar por um lado a ideia de negócio, e por outro lado ganhar experiência empresarial.
Do lado europeu a ideia de falir uma empresa para ganhar experiência não é muito bem acolhida, no entanto o mais importante que devemos deixar claro é que ser empresário é um desafio complexo, que requer do apoio contínuo, não só quando as coisas correm bem, mas sobre tudo quando as coisas correm mal.
Devemos valorizar os empresários pelo seu valor em assumir risco e mesmo que fracassem uma vez não deixar de apoia-los, pode ser que no ressurgimento da sua empresa, a experiência ganha gere outra Google.
O risco de investimento diminui conforme a experiência dos promotores cresce, e é fundamental impulsionar todos os projectos para criar a experiência necessária para obter projectos de sucesso.
Para os investidores os projectos falidos são parte do investimento e não devem ser considerados como perdas.
Ao fim de cada ano o capital de risco em Silicon Valley gera 130, 000, 000 dólares por ano com um investimento de 10 %, o que significa uma rentabilidade de 60 % em menos de 3 anos.
Artigo escrito para a Revista Invest por Jorge Carpinteyro